Nos últimos anos, os análogos de incretinas, como semaglutida e tirzepatida, ganharam destaque no tratamento do diabetes tipo 2 e da obesidade. Mas e no diabetes tipo 1 (DM1)? Essas medicações podem ter um papel no controle da glicemia e na preservação da função pancreática?
Novas evidências científicas mostram que semaglutida e tirzepatida podem trazer benefícios significativos para pacientes com diabetes tipo 1 e diabetes autoimune latente do adulto (LADA). Hoje, vou explorar o que os estudos mais recentes dizem sobre o impacto dessas medicações no controle glicêmico, redução da necessidade de insulina e perda de peso.
Se você tem diabetes tipo 1 ou acompanha pacientes com essa condição, continue a leitura e descubra como essas medicações podem impactar o tratamento!
O Que São Semaglutida e Tirzepatida?
Semaglutida e tirzepatida são análogos das incretinas, ou seja, mimetizam hormônios intestinais que regulam a glicose e promovem saciedade.
Semaglutida – Agonista do receptor de GLP-1 (peptídeo semelhante ao glucagon tipo 1).
Tirzepatida – Agonista GIP/GLP-1 (ação dupla que estimula a produção de insulina e promove maior perda de peso).
Ambas as medicações já são aprovadas para: Diabetes tipo 2 – Melhoram o controle glicêmico e reduzem a resistência à insulina.
Obesidade – Causam uma perda de peso significativa em pacientes com sobrepeso.
Doenças cardiovasculares – Reduzem o risco de infarto e AVC em pessoas de alto risco.
Mas o grande questionamento é: será que essas medicações podem ser úteis no tratamento do diabetes tipo 1 e LADA?
Como Semaglutida e Tirzepatida Podem Ajudar no Diabetes Tipo 1?
O diabetes tipo 1 é uma doença autoimune que destrói as células beta pancreáticas, levando à necessidade de insulina exógena para toda a vida. No entanto, muitos pacientes com DM1 também desenvolvem resistência à insulina e excesso de peso, um quadro conhecido como diabetes duplo.
Semaglutida e tirzepatida podem trazer benefícios para pacientes com DM1 e LADA porque:
Melhoram o controle glicêmico – Reduzem a hiperglicemia pós-prandial.
Diminuem a necessidade de insulina – Principalmente a insulina prandial.
Promovem perda de peso – Fundamental para quem está com sobrepeso/obesidade.
Preservam a função das células beta – Ajudam a manter a secreção endógena de insulina em pacientes com LADA.
Diminuem a variabilidade glicêmica – Tornam o controle do diabetes mais previsível.
Reduzem o risco de hipoglicemia – Como atuam de forma dependente da glicose, evitam quedas bruscas da glicemia.
Mas o que a ciência realmente diz? Vamos aos dados!
Evidências Científicas: Semaglutida e Tirzepatida no DM1 e LADA
1. Estudo Randomizado com Semaglutida no DM1
Um dos estudos mais relevantes analisou pacientes com DM1 que usavam semaglutida junto com um sistema automatizado de infusão de insulina. Os principais achados foram:
Aumento do tempo em faixa glicêmica alvo (de 69,4% para 74,2%).
Redução da hemoglobina glicada (HbA1c) em 0,5%.
Diminuição da necessidade de insulina (redução de -11,3 unidades/dia).
Perda de peso significativa (-6,7% do peso corporal).
Menos tempo em hiperglicemia, sem aumento da hipoglicemia.
Conclusão: Semaglutida pode ser uma opção eficaz para melhorar o controle glicêmico e reduzir peso em pacientes com DM1!
2. Estudos Observacionais e Real-World Data
Pacientes com DM1 e obesidade → Semaglutida reduziu HbA1c em -0,6% e levou a uma perda de peso média de 7,6%.
Diabetes tipo 1 recém-diagnosticado → Uso precoce da semaglutida ajudou a preservar a secreção de insulina endógena.
Pacientes com LADA → GLP-1 RAs mostraram retardo na progressão para dependência total de insulina.
Estudo de 12 semanas → Semaglutida reduziu glicemia pós-prandial, variabilidade glicêmica e necessidade de insulina.
Esses dados são extremamente promissores, mostrando que essas medicações podem ter um papel no manejo do DM1 e LADA além do controle glicêmico!
Riscos e Possíveis Efeitos Colaterais
Embora os resultados sejam animadores, existem riscos que precisam ser considerados:
Cetoacidose euglicêmica – Reduzir insulina de forma muito agressiva pode ser perigoso!
Náuseas e vômitos – Efeitos gastrointestinais comuns nos primeiros meses.
Risco de agravamento da retinopatia – Em pacientes com glicemia muito descontrolada, a rápida redução pode acelerar complicações.
Por isso, o uso de semaglutida e tirzepatida no DM1 deve ser feito com extrema cautela e sempre com supervisão médica!
Conclusão: Vale a Pena?
Semaglutida e tirzepatida podem ser alternativas interessantes para alguns pacientes com DM1 e LADA!
Melhoram o controle glicêmico sem aumentar hipoglicemia.
Reduzem a necessidade de insulina exógena.
Promovem perda de peso significativa.
Podem preservar a função pancreática em LADA e DM1 recente.
No entanto, ainda não são aprovadas para o tratamento do DM1, e o uso deve ser avaliado individualmente por um endocrinologista!
Se você tem diabetes tipo 1 e quer saber mais sobre essa abordagem, consulte um especialista para entender se essas medicações podem ser indicadas para o seu caso!
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