Dra. Nathalia Sousa

Medindo Além do Peso: Novas Métricas para Avaliação da Obesidade

A obesidade é uma condição crônica e multifatorial, cuja prevalência crescente a torna uma preocupação de saúde global. Tradicionalmente, o Índice de Massa Corporal (IMC) tem sido amplamente utilizado para definir e classificar a obesidade. No entanto, o IMC tem limitações significativas, uma vez que não diferencia entre massa muscular e gordura, nem avalia a distribuição de gordura corporal, um fator crucial para determinar riscos metabólicos.

Neste contexto, métricas complementares como a circunferência abdominal (CA), a relação cintura-quadril (RCQ), a relação cintura-altura (RCA) e a bioimpedância elétrica (BIA) têm ganhado destaque. Essas ferramentas fornecem uma avaliação mais precisa do risco metabólico associado à obesidade, sendo especialmente relevantes na prática clínica.

 

Por que o IMC não é suficiente?

O IMC é calculado dividindo o peso pela altura ao quadrado (kg/m²). Embora útil como ferramenta inicial para triagem populacional, ele não reflete a composição corporal nem a distribuição da gordura.

Pesquisas mostram que a gordura visceral — aquela acumulada em torno dos órgãos abdominais — está mais associada a riscos metabólicos, como resistência à insulina, dislipidemia e doenças cardiovasculares, do que a gordura subcutânea.

Dessa forma, usar exclusivamente o IMC pode levar à subestimação ou superestimação de riscos em indivíduos com diferentes perfis corporais. Atletas, por exemplo, podem ser classificados como “obesos” devido à alta massa muscular, enquanto indivíduos com peso normal, mas com alta concentração de gordura visceral (obesidade metabólica), podem ser considerados saudáveis pelo IMC.

 

Circunferência Abdominal (CA): Um Indicador Prático de Risco Metabólico

A CA é uma medida simples e eficaz para estimar a gordura visceral. Estudos demonstram que o aumento da CA está diretamente associado a maior risco de diabetes tipo 2, hipertensão e doenças cardiovasculares.

Pontos de corte para risco metabólico:

Homens: ≥ 94 cm (risco aumentado); ≥ 102 cm (risco muito aumentado)

Mulheres: ≥ 80 cm (risco aumentado); ≥ 88 cm (risco muito aumentado)

 

Esses valores variam entre populações devido a diferenças étnicas e genéticas. Em populações asiáticas, por exemplo, os pontos de corte são mais baixos, refletindo maior susceptibilidade a complicações metabólicas com menor acúmulo de gordura visceral.

 

Relação Cintura-Quadril (RCQ): Uma Perspectiva Adicional

A RCQ considera a proporção entre a circunferência da cintura e a circunferência do quadril, fornecendo uma visão mais ampla da distribuição da gordura corporal.

Pontos de corte para risco metabólico:

Homens: > 0,90 (risco aumentado)

Mulheres: > 0,85 (risco aumentado)

 

Relação Cintura-Altura (RCA): Uma Medida Simples e Eficiente

A RCA é calculada dividindo a circunferência da cintura pela altura. Estudos indicam que essa métrica é um forte preditor de risco cardiovascular e metabólico, sendo aplicável a diferentes etnias e faixas etárias.

Pontos de corte para risco metabólico:

Homens e Mulheres: RCA ≥ 0,50 indica risco aumentado.

A RCA é uma ferramenta acessível e fácil de aplicar, com a vantagem de levar em consideração diferenças de estatura e composição corporal entre indivíduos.

 

Bioimpedância Elétrica (BIA): Uma Avaliação Mais Abrangente

 

A BIA avalia a composição corporal de forma mais detalhada, estimando a proporção de gordura, músculo e água no corpo. Ela é particularmente útil para monitorar mudanças corporais ao longo do tempo

Vantagens da bioimpedância:

    • Diferencia massa magra e massa gorda.

    • Identifica gordura visceral indiretamente.

    • Monitoramento detalhado.

    • Rápida e não invasiva.

    Limitações da bioimpedância:

    • A precisão depende do equipamento utilizado e do estado de hidratação do paciente

    Conclusão

    A obesidade é mais do que um número no IMC. Métricas como circunferência abdominal, relação cintura-quadril, relação cintura-altura e bioimpedância oferecem uma visão mais detalhada e prática dos riscos metabólicos, permitindo uma abordagem clínica mais personalizada.

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Dra Nathália da Cruz de Sousa

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